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Múmia brasileira

   Afirmam constantemente da necessidade que temos de cultivar a paciência em nossa vida. É quase uma imposição para se chegar a felicidade.
   Sem entrar no mérito da questão, acredito mesmo ter encontrado o povo que mais aprendeu a ter paciência nessa vida, e que, portanto, pelo menos teoricamente, deve ter encontrado a felicidade.
   Cada país carrega em seu bojo os caracteres que parece delinear o seu povo. É como se fosse uma aura que direciona a cada um de nós para um mesmo ponto ou objetivo. Como o Brasil é muito grande procurei dentro desse todo encontrar uma parte dele que já tivesse banhado nas águas da paciência em busca da felicidade. Confesso não ter havido surpresa para mim quando encontrei o povo de um certo estado da federação que adquiriu, como nenhum outro, essa qualidade de ser paciente.
   Analisando de perto esse mesmo povo chega-se a conclusão de que já atingiram outras qualidades que extrapolaram a paciência, podendo-se dizer que já estraram em processo de contemplação.
   Talvez por isso seja o único povo do planeta, além, é claro, dos antigos egípcios, que conseguiram produzir múmias. Acredite se quiser! Pelo menos uma eu vi. O feito é ainda mais extraordinário quando se nota que a múmia tem vida. Os egípcios conseguiram o processo de mumificação e esse povo de quem estou falando foi mais além: conseguiu mumificar a pessoa, antes mesmo dela morrer. Talvez esse feito seja o mais desejado pela ciência de todos os tempos. Conseguiram produzir o “elixir da longa vida” , “elixir da juventude”, capaz de por fim a decrepitude e a velhice. Encontraram o “tônico da vida”. A alquimia lutou tanto sem lograr exito.
   No antigo Egito os Faraós, desejosos de permanecer no poder, determinaram aos magos que desenvolvessem atividades a fim de descobrir uma maneira que lhes favorecessem a permanência. Morriam todos eles com a esperança de um dia voltarem a vestir aquele pedaço de carne deixada aos frangalhos. Quimera! Tenho certeza que hoje a história seria outra.
   Não sei se por coincidência ou mero acaso, tanto no Egito como nesse estado brasileiro que desenvolveu o processo de mumificação em vida tenham o misticismo como pontos em comum. São dependentes ao extremo desse lado mistico.
   A múmia que eu vi é tão perfeita que fala, ler, escreve, enfim, faz tudo e mais alguma coisa de que não somos capazes ainda de compreender. Tem nome, tem família, tem bens e ainda por cima tem todo esse estado como seu. Sim, é só seu e ninguém tasca. Tem quase todas as qualidades, menos uma: não gosta de limpar o terreiro da casa. A sua casa é o próprio estado com o povo e seus bens. Lá ele não trabalha. Nem precisa, todos são pacientes. Esperam ser mumificados, quem sabe! Talvez por essa paciência quase chegando a indolência é que a múmia não faz nada lá. Tem a vida toda para esperar alguma coisa.
  • Para que pressa?
  • Estradas? Deus me livre!
  • Distribuir riquezas? Pra quê?
  • Educação? Eles não precisam disso para escolher a mim ou meus familiares. Disse a múmia.
       Sei que você já está possesso querendo saber qual o Estado e quem é essa múmia, não é mesmo?   
     Claro que sim, eu sei. Você é do tipo que gosta de fuxico e o fuxiqueiro cria todo um mistério para somente no finalzinho dizer quem é e pronto, quando não arranja desculpas dizendo que o tempo acabou e que o caso só termina amanhã no mesmo horário.
   Não vou fazer isso com você, pois tenho certeza que você é diferente do tipinho de quem falei antes. Você é diferente mesmo mais já deve estar angustiado para que eu diga que o único povo do mundo que conseguiu criar múmia foi o Egípcio e o povo do Estado do Maranhão que conseguiu criar a única múmia viva do planeta: José Sarney. Durma com essa. Eu também sou maranhense!

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