Certa manhã bem cedo, saí de casa, apanhei o trem, como sempre lotado - acredito que na Grande São Paulo todo mundo tem a mesma ideia e na mesma hora; parece até perseguição - e seguimos no balanço da máquina até ser despejado na estação Júlio Prestes. Segui apressado para apanhar um busão na avenida Duque de Caxias, bem em frente à Praça Júlio Prestes. Era bastante cedo ainda. O movimento nas ruas era tranquilo. Fiquei esperando o ônibus um tempão. Necessitava chegar ao Hospital Geral que fica no Cambuci para uma consulta médica marcada. Não conhecia muito bem o itinerário, sabia apenas que um ônibus passaria naquele local. Só não sabia que demorava tanto!
Naquela parada, junto a mim estava um rapaz, uma freira e três mulheres que se vestiam como se ciganas fossem: roupas rendadas, penduricalhos pra todo lado, aparência sofrida e ouro nos dentes. Posso até arriscar que seriam ciganas.
A cada ônibus que se aproximava, impacientes perguntavam ao rapaz se aquele iria para estação Armênia. Confesso que não dei muito bola para elas.
Perguntado novamente, dessa vez o dito cujo que as levaria até a Armênia apareceu, sendo-lhes anunciado pelo rapaz.
Quando as três estavam embarcando no busão o rapaz, já bastante irritado com o encargo que recebera de falar qual o ônibus que as levaria ao destino, olhando para mim e a freira que contemplava tudo, concluiu magistralmente:
- Esses diabos não sabem ler o que está escrito na placa de destino dos ônibus e querem ler o nosso pelas mãos!
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