Pular para o conteúdo principal

Pepper asinum in aliis refrigerium.

   Meu latim é muito fraco, porém o suficiente para traduzir o que em português ficaria quase indigesto.
   O Estado é algo interessante para se pensar. Ele tem uma influência tremenda na nossa vida e na maioria das vezes nem sequer nos damos conta de fazermos um pequeno questionamento sobre Ele. Senão, vejamos: antes de tudo é necessário se perguntar – o Estado criou seus habitantes ou foram os seus habitantes que criaram o Estado? É muito importante saber sobre esse questionamento. Quebre a cabeça e comece a pensar, pois estou nesse esforço também. Se conseguirmos chegar a alguma dessas alternativas podemos dela tirar algumas conclusões. Acredito que é a mesma coisa de descobrir se quem surgiu primeiro foi o ovo ou foi a galinha! Pense bem, não se preocupe, eu também não sei. Vamos tentar descobrir juntos.
   Uma coisa eu te digo: o bicho tem muita influência na nossa vida!
   A gente nasce num Estado, que no nosso caso se chama Brasil, dentre tantos outros que poderíamos nascer. Pois é, escolhemos nascer aqui ou não? Se não escolhemos, nesse caso podemos nos revoltar com o fato de virmos logo pra cá. Se fizemos a escolha, com certeza não fizemos bem, não acha? Poderia ter nascido americano, ser um lorde inglês, até mesmo um italiano. Só não queria mesmo era ter nascido argentino. Argentino não!
   Nascemos mesmo no Brasil. Consummatum est. Depois desse ato consumado nos resta agora  cruzar os braços e deixar as coisas rolarem?
   Não vou fugir do assunto. O tal Estado criou uma figura mais impopular do mundo que é o tal Governo. E se não participamos da criação do Estado, esse dito cujo ainda cria esse maldito chamado governo? Mais se lá no início das eras nossos tataravós se juntaram e criaram a fera, podemos concluir que quem criou o diabo do governo fomos nós! Pois é! E agora?
   Minha cabeça já está fervilhando só de pensar nesse troço. Criei um Estado fictício só pra me ajudar a conseguir pensar no assunto: chamei-o de TERRA DAS VELHAS CRUZES.
   O Estado e o Governo desse país bem próximo precisavam colocar as coisas nos eixos, pois o caos ainda estava formado, e pensaram e pensaram e resolveram criar as leis para nos obrigar a fazer ou não fazer alguma coisa. Mais barra aí, menino, a lei não vai ser cumprida nem aqui nem na China! Aí o Estado criou a coisa mais importante da época que foi a polícia. Pronto, a polícia conseguiu persuadir de forma bastante “convincente” que os habilitantes cumprissem as leis do Estado. Muito bem. A polícia conseguiu fazer com que o Estado agisse. Era isso que faltava. O governo vendo que isso era bom e que a população, através da atuação da polícia, ficava afastada dos problemas do Estado, viu nisso a oportunidade de continuar nos seus cargos. Gera aí um bem-estar dos membros do governo que não queriam perder esses privilégios e para garantir que o gozo fosse prolongado, exigiu mais da polícia. A polícia era o elo de ligação entre o governo e a população. Pela proximidade do governo, vendo de perto as regalias, a polícia pensou também delas usar. O governo viu nisso uma ameaça e logo percebeu que para manter os seus privilégios fez com que essa polícia fosse dividida em  castas. Um pequeno grupo participaria dos privilégios e com isso mantinha afastadas a população e a classe menos favorecida dela mesma, a polícia.
   As coisas foram piorando na Terra das Velhas Cruzes, a classe mais baixa da polícia reinvidica privilégios e o governo não tendo mais o que fazer, para agradar a gregos e troianos, cria o voto. Que coisa mais linda! O voto! O povo, juntamente com a classe mais baixa da polícia tiveram um enorme prazer em dizer que escolheram o seu governo. Foi uma grande festa. Enfim, as lutas das classes menos favorecidas estavam sendo aos poucos levadas em consideração pelo Estado. Todos juntos, elegeram diretamente o seu representante. Foi um marco incontestável na história de Terra das Velhas Cruzes. Alguém do povo jamais em tempo algum havia chegado ao mais alto cargo do país. E vejam que foi um  legítimo do povarel. Elegeram um artesão que de tanto trabalhar mal perdeu o chapéu. Era barbudo, falastrão, adorava um birinigth.
   Acontece que ao tomar posse do cargo, esse novo representante, já sem o espírito crítico das épocas longevas, também gostou do poder! Aí o bicho pegou! Pegou e se apegou com unhas e dentes ao poder que nele fez de tudo e mais um pouco para ficar. Uniu-se em corpo e alma ao grupo de havia lhe projetado no cenário para postular o cargo e já com o rabo na cadeira armaram os maiores escândalos de corrupção jamais vistos em tempo algum na Terra das Velhas Cruzes. Quer dizer que para se manter no poder pode-se fazer de tudo? Levaram dinheiro até nas ceroulas.
   Barbudim-do-Mar, como era chamado o tal representante de Terra das Velhas Cruzes, vendo que o poder não somente era bom mais realmente maravilhoso, resolveu também aplicar a tática utilizada no início quando as polícias já reclamavam. Só que dessa vez havia tantos grupos de polícias diferentes que Barbudim-do-Mar pensou um pouco e dentre todas elas escolheu uma para si dando a ela todos os privilégios e salários vultosos, distanciando-a cada vez mais das outras polícias que ficaram cada vez mais com ciúmes e inveja. É a polícia do mar, da terra e do ar. Tudo é com ela. Os privilégios também. O engraçado é que esse grupo policial, por não querer perder os privilégios alcançados a grandes “custos”, serve ao mesmo tempo ao Estado e ao Governo. Tem horas que não sabemos a quem realmente ele serve. Os outros grupos de polícias afirmam que que os Pratos Feitos, como são carinhosamente chamados, trabalham mesmo é para o governo. Eles sabem que quem realmente manda no Estado é o governo e não o contrário.
   O engraçado disso tudo é que descobri mesmo que os políticos da Terra das Velhas Cruzes são mesmo sabidos e versáteis. Na época da escolha dos nossos representantes, eles trabalham tanto em benefício da gente que já nos trazem uma lista pronta com os candidatos. A gente nem precisa ter trabalho de escolher. Eles escolhem para nós. É mais fácil. Primeiro, não somos um povo assim tão trabalhador mesmo! Segundo, estudar quer é bom, Deus me livre! Por aqui, se você estuda, fica desempregado e sequer recebe bolsa do governo. Honestidade por aqui, nem cartório registra mais. Ainda por cima, aqui é um país que na data da eleição nós entramos na cabine de votação e só apertamos um botãozinho de um computador e pronto. A informática por aqui é uma beleza. Não tem virus, é de inteira confiança. Hackers não tentariam de jeito algum entrar no sistema. Os nossos políticos já entraram antes e o protegeram. É uma maravilha. Sequer precisamos de recibo. Também, para que isso, com dois ou três dias da eleição eu acho que sequer me lembro mais em quem votei!
   Confesso que ao criar esse estado fictício, pensei bastante e fiquei com saudades do meu BRASIL. Apenas recordações!
  Gente, antes de terminar, quero deixar bem claro tratar-se de uma ficção. Qualquer semelhança com o país de vocês, terá sido mera COINCIDÊNCIA.
    Um tríplice e fraternal abraço aos amigos que deixei na Terra das Velhas Cruzes.
  
   

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O Carteiro e o Defunto - republicação

Em 2 de novembro comemora-se o dia de finados. Percebe-se claramente a contribuição dada pelos antigos cristãos para a formação de novas palavras em um determinado idioma. No nosso caso, o velho Português. Neologismo lexicografado já é indício de que a palavra pode e deve ser utilizada.  Fiz um arrodeio para dizer que a palavra finados vem de fim.  Fim mesmo, visto que os cristãos acreditam em Deus até o momento da morte. Depois disso.....bom, o resto é dúvida. O mais provável, para a maioria dessas pessoas, é que seja realmente o fim. Nos dias de finados lembro-me de Balsas. Nessas lembranças me vem à cabeça os mortos que deixei por lá, enterrados no Cemitério da avenida Catulo, conhecida antigamente pelo apelido de praça dos três “C”, visto concentrar naquela área, em convivência pacífica e ordeira, cabaré, cadeia e cemitério. Diziam que o camarada aprontava no cabaré e logo seria preso pelo Soldado Ribamar Kikiki. Depois de morrer de fome na cadeia o corpo seria levado a

Soldado Ribamar Quiquiqui

Fico observando as notícias sobre violência e cada vez mais me convenço de que lugar tranqüilo mesmo era Balsas-MA, até o início dos anos 80. Calma! Você também pode ter o seu lugar tranqüilo. O meu era o balsinha de açúcar. Quem viveu do início dos anos 80 às décadas mais remotas, há de concordar comigo sobre essa conclusão. Naquela época, pelo menos a que me lembro, existia em Balsas uma pequena delegacia de polícia, cujo cargo de delegado era exercido por um sargento da gloriosa Polícia Militar do Estado do Maranhão. O Sargento João foi o primeiro de que me lembro e o segundo e muito mais atuante era o Sargento Soares. Auxiliando o delegado nas tarefas, um pequeno efetivo de Soldados, dentre os quais se destacava o Soldado Ribamar, oriundo da antiga Guarda Municipal, bastante conhecido do povo balsense, principalmente pelo jeito peculiar de agir quando alguém era preso na Cadeia Pública. Era o Soldado "quiquiqui". Não estranhe. Soldado de Polícia, Ribamar era ma

Cracolândia

   Cracolandia! Você já ouviu falar nessa palavra, que em princípio pode até soar bem no ouvido de alguns que colocam o nome de seus filhos como Maurilândia, Orlândia? Já ouviu falar em algum nome assim? Eu ouvi. Afinal, sou nordestino!    Pois é, esse maldito nome vem da junção de “crack” , que não é o caso do atleta acima do normal, não, é a droga mesmo, aquela produzida com a mistura da pior parte da cocaína com bicarbonato de sódio e do sufixo “landia”, que quer dizer cidade, portanto, o significado será “cidade do crack”. Tem coisa pior do que isso? Pois bem esse lugar existe e fica aqui no centro da bela cidade que encanta e desencanta a todos nós: SAMPA. Sabe onde fica Sampa? Caetano Veloso sabe! Pergunte a ele. No cruzamento da São João com a Ipiranga é só seguir o rumo que quiser que você verá a cena mais horripilante que se pode imaginar. Nem Virgílio levaria Dante a lugar de tamanho horror. Acredito que as drogas produzidas na Velha Bota de 1300 d. c. não produziriam ta