Pular para o conteúdo principal

Filosofando




   Quando eu era pequeno lá eu Balsas-MA, acostumei-me a ouvir algumas frases daquela gente que, em princípio, soava como um deboche, falta do que falar, enfim.


   Mais tarde, fora de Balsas, estudando, notei que os filósofos apenas davam àquele linguajar pobre do interior um ar mais aristocrático para, no final, dizer a mesma coisa! Aí vi que na minha terra havia vários filósofos, coisa que só se podia pensar de pessoas altamente inteligentes e que com certeza jamais ouviram falar de Balsas-MA.


   É por isso que a partir de hoje vou publicar, à medida da lembrança, as potocas filosóficas do meu povo.


   Pra começar, filosofar é um termo muito pouco entendido por lá. Disseram aos balsenses que filosofar é pensar. E como todo balsense sabe que TODO PENSO É TORTO, não fisolofa, matuta.


   A dialética é muito aplicada na região. Mentimos para os outros acharem graça e nos darem o valor bem maior do somos e depois nós, cá com os nossos miolos dizemos: "não é bem assim mesmo não" e logo após acha o ponto certo da peleja. Isso é filosofar mesmo! O povo sabe fazer e bem o que os nossos professores tentam empurrar de goela abaixo nas escolas sem qualquer ligação com as coisas que nos cercam. Quando Sócrates conclui após o processo dialético que "SÓ SEI QUE NADA SEI", nós balsenses dizemos a mesma coisa só que do nosso jeito: "SOU BURRO MESMO".
   Sobre a transitoriedade das coisas ele arremata: “AQUILO QUE NÃO É PARA SEMPRE SE AGUENTA”. E pensar que filosofia é coisa de intelectual, portanto inatingível pra os simples como nós?


   Vamos matutando minha gente querida. O Brasil não precisa de pensador, nem de falso trabalhador. Precisa de você, "PAU PRA TODA OBRA".

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

DESCIDA DE BOIA NO RIO BALSAS

Está chegando o final de semana e o rio Balsas vai ferver. Você conhece a descida de boia no rio Balsas? Não? Raimundo Floriano afirma que foi ele o pioneiro. Se é verdade ou não, cabe a outro provar o contrário. É uma das aventuras mais marcantes, exatamente pelo caráter festivo empregado no mister. Para iniciar a aventura é preciso contar com os implementos necessários. Primeiro, arranjar as boias, o que não é difícil. Segundo, alugar um transporte para levar pessoal e material até o local de início da descida. Alugando um caminhão para transportar as boias, o pessoal aproveita a carona. Para chegar no Canaã, com "areia a dar com pau" o melhor mesmo é alugar um caminhão e desde à saída a festa já começa. Os homens jogam as bois no caminhão e já começam a beber. A única preocupação deles é saber se o isopor de bebidas foi embarcado. O resto fica por conta das mulheres que se preocupam com as crianças e as comidas. Ao sabor das águas do rio das Balsas descem democrati...

Soldado Ribamar Quiquiqui

Fico observando as notícias sobre violência e cada vez mais me convenço de que lugar tranqüilo mesmo era Balsas-MA, até o início dos anos 80. Calma! Você também pode ter o seu lugar tranqüilo. O meu era o balsinha de açúcar. Quem viveu do início dos anos 80 às décadas mais remotas, há de concordar comigo sobre essa conclusão. Naquela época, pelo menos a que me lembro, existia em Balsas uma pequena delegacia de polícia, cujo cargo de delegado era exercido por um sargento da gloriosa Polícia Militar do Estado do Maranhão. O Sargento João foi o primeiro de que me lembro e o segundo e muito mais atuante era o Sargento Soares. Auxiliando o delegado nas tarefas, um pequeno efetivo de Soldados, dentre os quais se destacava o Soldado Ribamar, oriundo da antiga Guarda Municipal, bastante conhecido do povo balsense, principalmente pelo jeito peculiar de agir quando alguém era preso na Cadeia Pública. Era o Soldado "quiquiqui". Não estranhe. Soldado de Polícia, Ribamar era ma...

Rua José Paulino

Em São Paulo, no bairro do Bom Retiro, entre as estações Júlio Prestes e Luz, fica a famosa rua José Paulino. A rua José Paulino é um centro comercial de grande importância e também um consultório terapêutico a céu aberto. As mulheres quando se encontram deprimidas, angustiadas, com problema no trabalho, no lar, com marido, filhos, gordura e aparência, encontram na rua Zé Paulino uma terapia de efeitos imediatos. A rua José Paulino é mais conhecida como “Zé Paulino”, o paraíso das roupas. É um sobe e desce de mulheres de todos os tipos: bonitas, feias, altas, gordas, anoréxicas, asiáticas, negras, brancas, índias (bolivianas), enfim, todas elas se encontram por lá.  Mas não seria um desencontro?  No interior das muitas lojas, uma toma da outra a roupa que afirma ter visto primeiro; outra fala que a peça de roupa que a fulana segura na mão já havia sido separada pra ela; outra ainda mais aponta defeito na roupa que se encontra com a amiga e, quando esta larga a peça, sonh...