Domingo de Carnaval. Hoje o bicho pega.
O bicho pegou mesmo foi quando me lembrei dos carnavais de 60, 70 e início dos anos 80 da cidade de Balsas-MA.
Do carnaval dos anos 60 ficou gravado pouca coisa, porém, lembro-me bem dos músicos.
Tudo muito interessante.
Pelas ruas esburacadas da cidade passavam os músicos tocando as marchinhas acompanhados de um bloco dos que vestiam roupas esquisitas. Máscaras que cobriam todo o rosto. Eram os "fofões". Sim, eram os fofões que causavam medo, as vezes até pavor nas crianças.
Nos anos 70 o carnaval teve um significado maior para mim. Foi a época de frequentar o Clube Recreativo Balsense. Lá, aconteciam os bailes carnavalescos para a "gurizada" à tarde. Á noite, os adultos, fantasiados, giravam no meio do Clube como gira uma "carrapeta". O engraçado é que giravam todos no sentido anti-horário, talvez para evitar os "encontrões" que nem sempre eram evitados.
Os filhos dos filhos de Balsas, em período de férias, chegavam de todos os lugares para "pular carnaval". Chegavam de fora e faziam o maior sucesso, pois as meninas de Balsas não queriam mais nada com os nativos. Só não ficávamos a ver navios por que as forasteiras também chegavam. Elas, ao contrário dos rapazes, queriam namorar os nativos. O problema é que sempre fui tímido. Ás vezes era necessário que a menina fizessem a investida primeiro.
Começava o baile por volta das 22 horas e do lado de fora o Pedro do Espeto já caprichava no churrasquinho com pimenta para a hora dos intervalos. O saco de farinha seca sempre aberto para o freguês passar o espeto na "poderosa".
Lá dentro, além do maestro Martinho Mendes e Raimundo Floriano nos instrumentos de sopro, a banda do Félix Matias fazia o acompanhamento. Manoel Mendes no contrabaixo, Bimbinha na guitarra, Riba no teclado, Gimy na bateria e Domingal no surdo. Era um baile e tanto, ao som das marchinhas.
Nos final dos anos 70 e início de 80, meu tio, Dué Bucar, foi o presidente do Clube Recreativo Balsense. Festeiro e animado, usava os sobrinhos para fazer a faxina do Clube. Eu e meu primo Amaro Cardoso trabalhávamos muito para que o salão estivesse impecável. Mesmo cansados, à noite lá estávamos nós. Muitas vezes éramos surpreendidos pelo Dué Bucar que nos colocava em lugares chaves da festa: portaria e bar. Pronto! A noite estava acabada pra nós. Os outros brincavam enquanto nós trabalhávamos e de graça. Nem sempre o Luizão dava conta da portaria. No bar ficou melhor para nós quando foi passada a responsabilidade para o Chico Valentim.
O Clube Recreativo Balsense era o que de melhor poderia frequentar a sociedade balsense. Não obstante, o melhor mesmo para os jovens tímidos como eu era a Liga Operária, frequentada pelo "pipirau". Lá, nós nos dávamos bem. Muitas vezes, deixei o Clube para ir à Liga Operária.
Cada um tem lembranças de algum período em que o carnaval lhe reservou impressões, boas ou más. O meu período de Carnaval foi no final dos anos 70 e início dos anos 80 na cidade de Balsas-Maranhão.
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