Hoje é o dia do palhaço. Que bom, hoje é o dia de homenagear
àqueles que nos fazem rir. Rir ou sorrir? Deixa pra lá. Hoje é o dia do palhaço
e isso é o que importa.
Palhaço é um ser que me intrigava quando criança. Lá em Balsas,
quando o Circo chegava, a parte do espetáculo que mais me causava expectativa
era exatamente a apresentação do palhaço; ou dos palhaços. Me intrigava por que
enxergava em cada um daqueles pequenos seres – cabe aqui um adendo: pequenos
seres mesmos, visto tratarem-se de anões. Pequenos homenzinhos com andar de
“pata choca”, pois tinham as pernas tortas e a bunda muito baixa que balançava
de um lado a outro quando andavam e um olhar esbugalhado expressando alegria,
mesmo sem as pinturas das apresentações. Ficava me perguntando a mim mesmo o
que os faria tão pequenos? Será que existia algum país ou região onde aquele
pessoal aparecia....nascia....era criando..., enfim, aonde era esse lugar? Na
minha cabeça seria um lugar muito alegre e que deveria brotar felicidade.
Os anões nem precisavam de ornamentos para tornarem-se palhaços.
Para mim, ser anão já era sinônimo de palhaço. Todos os anões eram palhaço.
O Gran Bartolo Circo chegou! Que maravilha! O maior circo já
armado em nossa cidade. O mundo maravilhoso do circo havia chegado em território
balsense! Nem sequer imaginava o sacrifício que haviam enfrentado nos caminhos
que rumavam para Carolina ou para Mangabeiras. Tombador de areia do Riachão ou
o lamaçal do Vale Verde? Bom, o certo é que o maior circo, pelo menos para nós,
havia chegado em Balsas. Armado na praça da Prefeitura, em frente ao
Educandário Coelho Neto. Lonas armadas com a maior destreza possível, lá estava
eu e, se não me engano, toda a meninada do Balsas e admirar tudo do circo. Eu,
como sempre, fui logo verificar se havia anão. Para minha surpresa havia várias
deles. Que coisa mais impressionante! A maior quantidade de anões que eu havia
visto em toda a minha vida! Pensei logo: esse sim, é o melhor circo do mundo. E
era mesmo!
Como a propaganda é a alma do negócio, saiam os carros do circo
pelas ruas da cidade fazendo o chamado geral. Toda a cidade parava para ver. O
bom mesmo era acompanhar o palhaço da perna de pau que no “boca de ferro”
gritava e nós, moleques, respondíamos:
- Hoje tem espetáculo.
- Tem sim, senhor!
Consegui entrar sem precisar “varar o circo”. Meu pai pagou a
minha entrada. Eu estava feliz da vida!
Tudo maravilhoso, sentado no “galinheiro”, esperava ansioso a
vez do palhaço entrar. O apresentador, com sua roupa toda brilhosa, acompanhado
de uma mulher bonita e vestida também com brilho, porém com pouca roupa, era
espetáculo à parte. Enfim chama o apresentador os palhaços do Gran Circo
Bartolo.
- Senhora e senhores, agora chegou a vez do Gran Bartolo Circo,
pela primeira vez nesta linda cidade de Balsas, lhes apresentar os melhores
palhaços do mundo. Aplausos para eles.
Entra uma “quera” deles. Sorrisos aos borbotões. Todos riam.
Parece que havíamos entrado em êxtase.
Terminado o espetáculo, saímos do Gran Bartolo Circo repletos de
alegria. Alegria proporcionada por tudo que havia no circo, porém, acredito que
os palhaços foram os maiores responsáveis por isso.
Hoje, vendo na agenda tratar-se do dia do palhaço relembrei
desse passado já um pouco distante, mais muito marcante na minha vida, razão
pela qual resolvi homenagear a esse artista que faz tanta gente dar boas
gargalhadas, mesmo que ele próprio, palhaço, não esteja tão feliz assim.
Afinal, todos somos seres humanos e palhaços. O curva sinuosa das nossas "emoções anãs" proporcionam isso.
Comentários